terça-feira, 21 de junho de 2011

Um brinde à incoerência!

Eu queria entender o que nossa sociedade quer fazer realmente em relação às drogas. Proibir ou incentivar? Aparentemente só traficantes deveriam ser a favor desse comércio nefasto que destrói nossos jovens em tenra idade. Infelizmente não é verdade. Basta olhar para a foto ao lado para percebermos que a droga é legalmente aceita e incentivada até entre crianças por empresas com propagada idoneidade. Mesmo sem álcool, a champanha das princesas e dos carros tem tudo das originais borbulhantes brindadas nos reveions e está nas prateleiras dos supermercados junto às bebidas de adultos que é para as crianças não duvidarem de sua autenticidade. Acostume seus filhos desde já com a ideia de que festa combina com bebida alcoólica e verá como cedo eles associarão a necessidade de ingerí-la à diversão.
Aí você pensa que quando a criançada entrar na adolescência estará mais protegida por ter aprendido na escola que drogas não são legais - fique longe delas! - mas na boate de sábado comprarão ingressos que darão direito a cerveja (grátis!), mesmo que eles sejam menores de idade. De que adianta todo o seu português contra esse tipo de estímulo? Somos constantemente assediados pela sedução da droga, um comportamento que choca-se com as campanhas de conscientização, com a orientação que nos esforçamos a dar, com as leis de restrição. Enquanto houver essa contradição, vamos combinar, é chover no molhado tentar educar.  
Nunca esse contraste ficou tão claro quanto agora, quando se discute a descriminalização da maconha. Se a droga for liberada, muitos fumantes do cigarro tradicional, atualmente acuados pela proibição de exercer seu vício em diversos locais públicos, vão trocar de bagana. Ou será que vão liberar para depois restringir, gastando milhões em campanhas de conscientização? Mas tem sempre alguém para lembrar que a descriminalização da droga é para acabar com o tráfico. Isso seria realmente um benefício se tal intento se concretizasse. Se permitir a venda de drogas terminasse com o negócio dos traficantes não veríamos todos os dias o contrabando de cigarros, produto legalmente aceito, invadindo as nossas fronteiras. Para o crime organizado, nem chega a haver uma mudança, é só seguir o baile.
Então, vamos deixar de ser hipócritas! Ninguém pode impedir pais de beberem ou fumarem diante de seus filhos dentro de seus lares, dando o solene exemplo da displicência e, por que não dizer, da idiotice. Agora podemos sim, a despeito do capitalismo, viver melhor e mais saudáveis se nos livrarmos da incoerência no âmbito social. É impossível contermos as drogas se continuarmos a incentivar o seu consumo nas entrelinhas e também ostensivamente em festas e eventos públicos. É extremamente confuso para crianças e jovens ver o circo armado sem entender se é para divertirem-se nele ou não.

domingo, 12 de junho de 2011

Casa de Cultura: de quem é a incompetência

Um projeto de cedência da Casa de Cultura para o Lions Clube gerou um debate na Câmara de Vereadores que acabou, como não é incomum por aqui, em politicagem. Da mais grosseira. Como não podia acusar a atual administração do município pelo abandono do local, já que integra a bancada da situação no legislativo, o vereador Altevir Medeiros conseguiu a proeza de culpar a secretária de turismo do governo anterior, que deixou o cargo em 2004, e cujo trabalho tornou possível a construção desse patrimônio público.
Lá se vão sete anos e ao que parece os representantes do atual governo e o distinto vereador nunca haviam pisado na Casa de Cultura. Nunca foram às várias exposições culturais que lá aconteceram durante os eventos do município no parque de exposições. Essa é a única explicação para jamais terem percebido como o "projeto era de má qualidade", como agora constatou o vereador, ou que o imóvel estava deteriorado, o que não é de estranhar depois de quase uma década sem investimento público! Ao ceder o imóvel para entidades sociais nada mais faz o governo do que assinar o atestado de incompetência em cuidar do patrimônio pelo qual deveria ser responsável.
Estranho é que reformas vultuosas foram feitas no parque de exposições no último ano e nem um olhar foi dado à Casa de Cultura, por que será? Teria a ver com o fato da obra ser mérito de outro governo? Ao invés de acusar e difamar quem trouxe benesses para o município, deveria o vereador sentir vergonha e calar-se diante da inoperância e do descaso que tem o governo que defende com o patrimônio público. A Casa de Cultura é só mais um na lista dos projetos que ficaram ao léu. O quiosque de produtos coloniais continua às moscas e o prédio, que já precisou de reparos sem nunca ter servido à comunidade, virou um monumento ao desperdício de dinheiro público. Tudo indica que o Centro de Feirantes caminhe para o mesmo destino. Há um ano que o prédio está "em acabamentos finais" e nada de inauguração. Se bem que os feirantes esperam que isso nunca aconteça pois abominam a ideia de sair do centro da cidade e perder sua clientela. Se tivessem sido ouvidos previamente sobre o projeto talvez o dinheiro público fosse melhor aproveitado.
Então, é preciso pensarmos, de quem é a incompetência no trato com o patrimônio público? De quem trabalha para trazer novos projetos à comunidade ou de quem terceiriza responsabilidades e cobra outros por aquilo que é seu dever fazer? Quando a sociedade terá uma explicação sobre tudo isso? Cabe ao bom administrador dar uma satisfação adequada a esses questionamentos que angustiam o cidadão pois há tão longo tempo nada se sabe porque tais obras continuam sem o uso devido. Cabe ao bom vereador cobrar essa explicação, ou o partidarismo fala mais alto do que o interesse da comunidade?